terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eu Quase Não Fiz Nada


Vivendo nessa cidade, sem saber que talvez o meio de nossas vidas seja apenas o começo. Isso não é sobre você, isso já não é poesia. Poesia a gente guarda a sete chaves, mostra pra uns três amigos – de confiança, no máximo. Os dias passam tão rápidos que só o que sobra é o velho gosto do cigarro mentolado que ainda insiste em pairar por aqui.  Observar o egoísmo das pessoas do alto de um prédio, sem saber que foi o ego que o levou a subir até ali. A sorte não tá fluindo, tá escondida, se perdeu. Olho pro céu, talvez seja mais fácil lá em cima. Isso não é sobre suicídio, muito menos sobre nosso egoísmo.
E aquele vazio vem tão depressa, que destrói tão rápido que quem vê se engana achando que tudo acontece tão de repente.  
“- É tempo de me fazer, eu sei”, declarou quebrando o silêncio.
 Talvez esse vazio seja só fome. Tá escuro lá fora, se por acaso tu me disser que “não tá tudo bem”, eu vou estar aqui.
Acho que isso é sobre saudade. 


domingo, 19 de agosto de 2012

Noites de Outros Dias

Talvez a vida se pareça com a sua música preferida, que te acalma, te faz tão feliz e então quando você finalmente está aproveitando cada segundo, ela acaba e você deve aprender a conviver com o silêncio. Pelo menos até que ela toque novamente. E quando eu estou assim, quando a música acaba eu dou um jeito de fingir que ainda não escutei o silêncio.
Você provavelmente já trocou de banda preferida durante esse tempo, suas ideias devem estar mais complexas, e você ainda deve aperfeiçoá-las muito bem. Sua camisa nova já deve estar velha, você deve ter aprendido com isso e agora seu sorriso é ainda mais bonito, e quem me lê? Me lê sorrindo? 
Talvez isso não faça nenhum sentindo, mas querido, você ainda adora se sentir superior? 
Talvez nós possamos sair qualquer dia, talvez eu só esteja confusa. Eu só queria me convencer que apesar dos apesares..
E você me olha e então eu não sei o que fazer. "Você pode por favor tocar a minha música preferida?"

(Pâmela Costa)

quarta-feira, 14 de março de 2012

Complexidade Abstrata

Sempre, incontestavelmente me pego repetindo "não vou fazer isso", "vou deixar pra lá", "tenho que parar". Aí você fala tanta coisa, ouve tanta coisa,  tanta coisa inútil, mas fica quieta. Não fala nada, deixa a corda ali até que alguém chegue e se enforque sozinho e você não faz nada, nada além de aplaudir o silêncio. Ao mesmo tempo que isso alivia é tão detestávelmente sufocante. Querer gritar, gritar tão alto a ponto de fazer todos pensarem, mas de uma forma ou outra isso só fica na teoria. Fazer todos reparem no que vos digo, um pouco de questionamento todavia resultado dos erros alheios, um pouco de tolerância não faz mal a ninguém. Mas pra todos isso é um grande sacrifício. Quantas mentes brilhantes já tiveram seus ideais calados diante de tanta ignorância?
É que ás vezes, só ás vezes sinto-me presa em um sistema feudal. Mas só eu, é comigo. Sempre é comigo que me perco tanto a ponto de questionar o foco de meus pensamentos.
Talvez seja eu tão egoísta a ponto de só tentar me entender e descartar qualquer possibilidade de entrar em contato com "eu" interior de alguém, talvez por  medo de me identificar de alguma possível forma. Mas tudo bem, ninguém esta disposto a se entregar assim tão facilmente. Então cá estamos todos nós, escutamos, entendemos e sem mais nada a fazer, sem alguma ajuda que de fato ofereça algum conforto ilusório, fugimos, porque ninguém está disposto a sair do seu casulo pra fazer alguma diferença no dos outros. Somos todos indubitavelmente egoístas, talvez eu só esteja tentando aperfeiçoar isso.


(Pâmela Costa)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Senhora Confusão

Então abra os olhos calmamente, na boca um doce gosto de ilusão, eterna(mente) personificado em palavras. Então diga que o destino existe, porque eu ainda consigo sentir você. Quando diferenças tão grande tornam-se  perfeitamente simétricas. Pedaços de uma vida inteira voando calmamente em direção ao futuro, o futuro reflete o passado e o presente é a superação do que em breve voltará. Me despreze tanto a ponto de eu amar, porque é assim que as coisas acontecem, você não pode mudar isso. Porque afinal enfrentamos filas e filas pra finalmente estar no lugar de partida, tão a sós, tão sós. Não querer ser o que és, então porque olhas tanto? Quem te vê, te vê sorrindo. Ah, quem te vê...
Sem tempo pra brigas, sem tempo pra discussões tão estupidamente interligados. E encontrava companhia em qualquer frase, que por ventura não se tornava clichê. O clichê só é banal se quem vos fala for fútil. Tão contrário de você. Tão desprezível que se tornará apaixonante. 

(Pâmela Costa)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Até o Fim

Recordei rapidamente de todas as pessoas que eu perdi por não me escutar, por sempre esconder e jamais demonstrar. De tudo que perdemos, de tudo que ainda vamos perder por orgulho, por causa desse maldito orgulho que me segue, me assombra, me entende tão bem. Que insiste em sussurrar que ele está sempre certo, que tem uma força quase manipuladora sobre eu. Fico desejando no mais profundo silêncio, nos becos da minha mente que são um enigma até pra quem vos fala. Entendo que ele sempre queira desistir, mas ás vezes seria bom insistir. Mudar. Cada célula, cada fio de cabelo conspirando pra que eu sempre escute ele e ignore qualquer tipo de sentimentalismo barato, falando assim parece exagero. Ele te leva a percorrer um longo caminho, ele tenta evitar a dor, ele me traz partidas. E quando a gente chega ao lugar desejado descobre que na verdade tudo que ele queria era na verdade nos mostrar o  gosto de não sentir nada, não sentir absolutamente nada. Não ser, apenas estar. E com o tempo a gente se acostuma e aprende a gostar de não sentir nada, o tempo nos faz esquecer do que nos trouxe até aqui. Até que nessas idas e vindas da vida alguém aparece, quase de repente, e assim de mansinho, sem deixar vestígios pra quem vê e muda completamente, totalmente a nossa vida. Muda tanto que nos ensina a deixar o orgulho de lado e apenas sentir.

(Pâmela Costa)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Camuflagem


     Minha mente está embriagada, o vento agora bate contra as respostas. Tentei esperar, tentei não pirar, mas falhei. Sobre tudo agora penso, busco respostas. Queria um cigarro, queria você.
     Me enganei tentando não querer, disfarçar o indisfarçável.  A confissão que sobrepõe apenas mais alguém, decidir entre a liberdade e os ponteiros do relógio. Eu que sempre soube, logo eu que vivia me enganando estou agora enxergando o que antes meus olhos não podiam sentir.
     São quilômetros distanciando o lado calculista do lado sentimentalista dela. Da voz que pede pra silenciar então ela obedece, ela sempre escuta e guarda ali os sentimentos, guarda e joga a chave fora. Que é pra não  correr o risco de um dia numa dessas instabilidades emocionais ela querer usufruir deles. Mas em meio a tantos, o tempo aparece, quase impercebível e muda tudo. Ele gosta de mudar as coisas. Ela gosta das coisas do jeito com que elas se desenrolam.
     Daquelas velhas melodias que soam como uma perfeita descrição que quebra o silêncio, que diz tudo o que não pode ser dito. Lembra-se da vontade de voar, que pela rotina vive na gaiola. Então grite, vamos lá. A gente sempre pergunta o que sabemos, gostamos dessa necessidade de saber o que já sabíamos, insegurança por não confiar em nós mesmos.
     E quando percebi lá estava eu novamente, tentando me entender. Tentando não sentir falta. Se colocando sempre em segundo plano. Querendo ser figurante da minha vida.

(Pâmela Costa)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Anestésico Para a Alma


Vagando pela minha mente, tudo que consigo escutar é uma música depressiva, mas não sei ao certo, minha cabeça dói muito, lateja, implora tranquilidade. Parece que vai explodir, e ás vezes isso realmente me parece algo bom. Tenho essas idéias suícidas ás vezes, penso que há qualquer momento posso morrer, não importanto a causa. Penso que se eu morrese hoje, agora, eu não me arrependeria de nada, se aconteceu as coisas do jeito que elas se desenrrolaram é porque assim deveria ser, penso nos momentos loucos, nos amigos, nas risadas. Você nunca lembra das coisas ruins quando pensa em morte, e é melhor assim. Deixa tudo se acalmar, deixa a vida te levar, siga suas impulsividades, um dia alguém vai sentir falta delas, deixe os defeitos de lado, afinal, um dia alguém vai sentir faltas deles também. Isso não é ótimo?

(Pâmela Costa)

Paradoxos do tempo



  
 De repente assim quase em um susto bateu uma nostalgia, não sabia o motivo ao certo. Até que eu escuto "Um velho sonho sobe a escada da minha morada e abre os olhos claros e sorri pra mim..." Realmente incrível e complexo essa válvula de poder que a música exerce sobre nós, talvez seja apenas uma desculpa do nosso sub-consciênte pra retornar por apenas alguns segundos ao passado. A gente sempre se ilude achando  que se esqueceu até dos detalhes maiores, mas a verdade é que lembramos de tudo, tudinho mesmo.  Eu sempre me lembro do olhar, eu nunca vou esquecer do olhar, um tanto paradigmático da minha parte eu confesso.
   As variabilidades passam junto com a nostalgia, depois disso nós refletimos, paramos, pensamos, lembramos e esquecemos, exatemente nesta ordem. E depois a vida segue, afinal os verbos todos já foram ordenados delicadamente no pretérito. Você já não sente mais nada. Só sente que o que volta é a vontade de voltar no tempo.


(Pâmela Costa)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Rotina Te Prende

   

   "Me vê o de sempre por favor" disse o homem que aparentava ter em torno de 52 anos, magro, alto, as rugas já contornavam perfeitamente o seu rosto, claramente seu olhar era o mesmo de um homem cansado, suas olheiras não me deixavam dúvida alguma. Quase num piscar de olhos o garçom sem dúvida alguma lhe trouxe um café - o homem então sentou-se ali mesmo, no banco do bar, e seu olhar pairava na janela, olhei então fixamente confesso que sempre fui muito curiosa - com cabelos vermelhos, alaranjados tomados pela neve - o inverno fora muito rigoroso no último mês - havia uma pequena menina, ela ria não entendi o motivo ao certo, olhei novamente para o homem, ele parecia fascinado com a menininha.
   Sentei-me então ao seu lado, queria entender os pensamentos que pareciam confuso daquele homem, depois dos cumprimentos formais ele me disserá que não fazia algo divertido a anos, que se prenderá na rotina e que todo dia, ritualmente, durante 10 anos ele saía do trabalho e sentava ali sozinho, falou também da beleza da neve, que não notará isso faz anos e que a última vez que saio de casa só para contemplá-la havia anos e anos.    
   Fiquei quieta sabia que ele ia tomar a decisão certa, ás vezes as pessoas só querem mesmo uma pessoa estranha para desabafar, alguém que não jugue, apenas fique lá, escutando.  Ele me disse que amanhã mesmo ia se demitir do trabalhou, contou-me que era médico e que já havia se aposentado há 5 anos atrás, mas não largou o serviço porque durante esses anos nunca tinha se enxergado assim, num choque, o que estava perdendo, ele descobriu o seu bem maior. Descobriu a beleza do riso da criança, a beleza do conforto que aquele estranho no bar haveria lhe passado, não sentia esse conforto desde a lua de mel da sua falecida esposa. E com pacientes e mais pacientes, com hora extra, dia após dias, tinha ele um homem rico se esquecido de cuidar da própria vida.

(Pâmela Costa)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Dispenso a sua compaixão



Eu sempre escutei as pessoas dizendo "você nunca vai saber se não tentar", e se eu tentar e não der certo? Bem isso eu nunca saberei. Duas palavras "e" "se" que quando colocadas juntas trazem a  nostalgia, a depressão, o peso na cosciênca de nunca ter tentado. Eu tenho medo, tenho medo de tudo dar errado, tenho medo de fazer escolhas. Eu só quero que as coisas não mudem, mas as coisas estão mudando constantemente e eu me prendo, não fazendo nada, só deixando o tempo me levar.
 Está na hora de eu sair do muro e tomar as minhas próprias decisões. Talvez eu não queira saber, talvez eu sempre opte pelo mais fácil. Talvez isso nunca mude, talvez eu só esteja sendo traída pela minha própria consciência.

(Pâmela Costa)

A gente ta sempre se iludindo


É hoje, disse ela quase num susurro a si mesma, havia feito muitos planos pra aquela noite. Queria que o ônibus não tivesse atrasado, queria logo chegar em casa, queria fugir da rotina. Ela estava se sentindo bonita, pela primeira vez em anos, Mike a disserá que isso é o que o amor provoca nas pessoas, ah Mike, é um amigo louco e apaixonado, Mike era uma pessoa feliz, isso porque havia acabado de lançar seu primeiro livro depois de anos de trabalho. Começou cair uma leve garoa, ela estava virando a esquina de casa, quando lembrou que havia deixado a chave em cima da mesa do escritorio meia-boca onde trabalha, já se passavam das 20:30 e ela tinha um encontro em sua casa, mas agora tudo estava dando errado, ela ia ter que cancelar o encontro. Ligou pra ele, ele disse que não importava o local, que queria vê-la esta noite, ele disse que ia esperar ela no restaurante em que ele havia pedido ela em casamento, era bom, muito bom. Havia sempre uma banda ao vivo tocando, eles sabiam apreciar aquela banda com um vinho barato. Ela já estava descendo do ônibus novamente, o guarda chuva tinha quebrado na hora em que ela havia feito a ligação, ela agora caminhava na chuva, ela não se importava com o fato de estar se molhando, afinal hoje era um grande dia. Ela finalmente entrou no restaurante e sentou-se na mesa que dava para a janela, ficou esperando ele por horas, até que todos que estavam lá haviam ido embora. Ela fazia isso todo dia, ia todos os dias na última semana a esse restaurante, sentava e esperava alguém que nunca ia chegar, ela estava lembrando, de como ele era legal, de como eles estavam sempre felizes juntos, de como ele havia partido naquele acidente de carro, de como sua vida nunca mais foi a mesma depois que ele a deixou.

(Pâmela Costa)

Me Apegando Aos Detalhes

São exatamente 02:00hrs da manhã, e em meio há tantos pensamentos, palavras em mim, faço deste primeiro post um esboço de mim. Sempre fui péssima em descrever a mim mesma, sempre preferi ficar observando, escrever sobre os outros, mas me descrever é como se eu não me reconhecesse, me colocarei então na posição de observadora, de mim. Eu não gosto de muita coisa (é mais fácil falar das coisas que eu não gosto), não gosto de quem cria intimidade se não existe, não gosto de pessoas grudentas e legais o tempo todo. Penso que todo mundo precisa mostrar seu lado depressivo, nem que seja lá de vez em quando, pessoas  100% felizes não me passam segurança alguma.
Ta escuro lá fora, e eu perdi as contas de quantas vezes eu preferi ficar aqui, sozinha. Só eu e minha mente, ao sair. E eu sou assim, se eu não gosto é pra valer mesmo. E se eu gosto eu posso não gostar facilmente e ai é irreversível. Tenho uma capacidade de enjoar das pessoas admirável, enjoô até do que não deveria. Não sei discutir um assunto sério sem interrompe-lo com alguma piada. Sou antipática sem querer, demoro muitos anos pra confiar em alguém, e quando consigo confiar em alguém sempre fico com aquele pé atrás e acabo guardando meus monstros só pra mim. 
Tenho 15 anos, e queria ter mais. A gente tem essa obsessão por querer coisas que não podemos ter não é? É sempre assim, mas eu passei a gostar do que eu não posso ter, do que está distante, nos passa um sofrimento daqueles que é tão bom sentir, sentir algo queimando dentro de si e não poder fazer nada além de se perder em alguns livros. Soa estranho mas eu sempre gostei dessa cordial capacidade minha de gostar tanto do silêncio, gosto até de sofrer em silêncio.

(Pâmela Costa)