segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Até o Fim

Recordei rapidamente de todas as pessoas que eu perdi por não me escutar, por sempre esconder e jamais demonstrar. De tudo que perdemos, de tudo que ainda vamos perder por orgulho, por causa desse maldito orgulho que me segue, me assombra, me entende tão bem. Que insiste em sussurrar que ele está sempre certo, que tem uma força quase manipuladora sobre eu. Fico desejando no mais profundo silêncio, nos becos da minha mente que são um enigma até pra quem vos fala. Entendo que ele sempre queira desistir, mas ás vezes seria bom insistir. Mudar. Cada célula, cada fio de cabelo conspirando pra que eu sempre escute ele e ignore qualquer tipo de sentimentalismo barato, falando assim parece exagero. Ele te leva a percorrer um longo caminho, ele tenta evitar a dor, ele me traz partidas. E quando a gente chega ao lugar desejado descobre que na verdade tudo que ele queria era na verdade nos mostrar o  gosto de não sentir nada, não sentir absolutamente nada. Não ser, apenas estar. E com o tempo a gente se acostuma e aprende a gostar de não sentir nada, o tempo nos faz esquecer do que nos trouxe até aqui. Até que nessas idas e vindas da vida alguém aparece, quase de repente, e assim de mansinho, sem deixar vestígios pra quem vê e muda completamente, totalmente a nossa vida. Muda tanto que nos ensina a deixar o orgulho de lado e apenas sentir.

(Pâmela Costa)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Camuflagem


     Minha mente está embriagada, o vento agora bate contra as respostas. Tentei esperar, tentei não pirar, mas falhei. Sobre tudo agora penso, busco respostas. Queria um cigarro, queria você.
     Me enganei tentando não querer, disfarçar o indisfarçável.  A confissão que sobrepõe apenas mais alguém, decidir entre a liberdade e os ponteiros do relógio. Eu que sempre soube, logo eu que vivia me enganando estou agora enxergando o que antes meus olhos não podiam sentir.
     São quilômetros distanciando o lado calculista do lado sentimentalista dela. Da voz que pede pra silenciar então ela obedece, ela sempre escuta e guarda ali os sentimentos, guarda e joga a chave fora. Que é pra não  correr o risco de um dia numa dessas instabilidades emocionais ela querer usufruir deles. Mas em meio a tantos, o tempo aparece, quase impercebível e muda tudo. Ele gosta de mudar as coisas. Ela gosta das coisas do jeito com que elas se desenrolam.
     Daquelas velhas melodias que soam como uma perfeita descrição que quebra o silêncio, que diz tudo o que não pode ser dito. Lembra-se da vontade de voar, que pela rotina vive na gaiola. Então grite, vamos lá. A gente sempre pergunta o que sabemos, gostamos dessa necessidade de saber o que já sabíamos, insegurança por não confiar em nós mesmos.
     E quando percebi lá estava eu novamente, tentando me entender. Tentando não sentir falta. Se colocando sempre em segundo plano. Querendo ser figurante da minha vida.

(Pâmela Costa)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Anestésico Para a Alma


Vagando pela minha mente, tudo que consigo escutar é uma música depressiva, mas não sei ao certo, minha cabeça dói muito, lateja, implora tranquilidade. Parece que vai explodir, e ás vezes isso realmente me parece algo bom. Tenho essas idéias suícidas ás vezes, penso que há qualquer momento posso morrer, não importanto a causa. Penso que se eu morrese hoje, agora, eu não me arrependeria de nada, se aconteceu as coisas do jeito que elas se desenrrolaram é porque assim deveria ser, penso nos momentos loucos, nos amigos, nas risadas. Você nunca lembra das coisas ruins quando pensa em morte, e é melhor assim. Deixa tudo se acalmar, deixa a vida te levar, siga suas impulsividades, um dia alguém vai sentir falta delas, deixe os defeitos de lado, afinal, um dia alguém vai sentir faltas deles também. Isso não é ótimo?

(Pâmela Costa)

Paradoxos do tempo



  
 De repente assim quase em um susto bateu uma nostalgia, não sabia o motivo ao certo. Até que eu escuto "Um velho sonho sobe a escada da minha morada e abre os olhos claros e sorri pra mim..." Realmente incrível e complexo essa válvula de poder que a música exerce sobre nós, talvez seja apenas uma desculpa do nosso sub-consciênte pra retornar por apenas alguns segundos ao passado. A gente sempre se ilude achando  que se esqueceu até dos detalhes maiores, mas a verdade é que lembramos de tudo, tudinho mesmo.  Eu sempre me lembro do olhar, eu nunca vou esquecer do olhar, um tanto paradigmático da minha parte eu confesso.
   As variabilidades passam junto com a nostalgia, depois disso nós refletimos, paramos, pensamos, lembramos e esquecemos, exatemente nesta ordem. E depois a vida segue, afinal os verbos todos já foram ordenados delicadamente no pretérito. Você já não sente mais nada. Só sente que o que volta é a vontade de voltar no tempo.


(Pâmela Costa)