segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Rotina Te Prende

   

   "Me vê o de sempre por favor" disse o homem que aparentava ter em torno de 52 anos, magro, alto, as rugas já contornavam perfeitamente o seu rosto, claramente seu olhar era o mesmo de um homem cansado, suas olheiras não me deixavam dúvida alguma. Quase num piscar de olhos o garçom sem dúvida alguma lhe trouxe um café - o homem então sentou-se ali mesmo, no banco do bar, e seu olhar pairava na janela, olhei então fixamente confesso que sempre fui muito curiosa - com cabelos vermelhos, alaranjados tomados pela neve - o inverno fora muito rigoroso no último mês - havia uma pequena menina, ela ria não entendi o motivo ao certo, olhei novamente para o homem, ele parecia fascinado com a menininha.
   Sentei-me então ao seu lado, queria entender os pensamentos que pareciam confuso daquele homem, depois dos cumprimentos formais ele me disserá que não fazia algo divertido a anos, que se prenderá na rotina e que todo dia, ritualmente, durante 10 anos ele saía do trabalho e sentava ali sozinho, falou também da beleza da neve, que não notará isso faz anos e que a última vez que saio de casa só para contemplá-la havia anos e anos.    
   Fiquei quieta sabia que ele ia tomar a decisão certa, ás vezes as pessoas só querem mesmo uma pessoa estranha para desabafar, alguém que não jugue, apenas fique lá, escutando.  Ele me disse que amanhã mesmo ia se demitir do trabalhou, contou-me que era médico e que já havia se aposentado há 5 anos atrás, mas não largou o serviço porque durante esses anos nunca tinha se enxergado assim, num choque, o que estava perdendo, ele descobriu o seu bem maior. Descobriu a beleza do riso da criança, a beleza do conforto que aquele estranho no bar haveria lhe passado, não sentia esse conforto desde a lua de mel da sua falecida esposa. E com pacientes e mais pacientes, com hora extra, dia após dias, tinha ele um homem rico se esquecido de cuidar da própria vida.

(Pâmela Costa)

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